terça-feira, 21 de maio de 2013

O entrudo


O entrudo

Em Fevereiro festeja-se o Entrudo... E a forma muito particular que alguns dornelenses tinham de o celebrar consistia em “chorá-lo”: dois homens, ao princípio da noite de 2ª. para 3ª. feira de Carnaval, dirigiam-se aos montes sobranceiros — um ficava perto do cemitério e o outro na zona das belgas, ou mesmo no monte do Alqueidão (na outra margem do rio) — e munidos de funis, a servir de amplificador de som, começavam a falar um com o outro, em altos gritos, de maneira a que todo o povo ouvisse e começando em regra com a interpelação: “Oh! Companheiro!”. Nesse diálogo acusavam certas pessoas da aldeia de actos menos recomendáveis, que teriam sido praticados no decurso do ano, expondo-os assim à censura pública. O diálogo era interessante de se ouvir, pontuado por muitas exclamações e estribilhos, sendo que os visados eram, com certeza, os únicos a não achar graça! Terminava com a pergunta: “Mas isso é verdade?” Ao que o outro respondia: “É verdade e mais que verdade!” Tal costume tinha uma função moralizante pois ninguém desejava comportar-se de modo a, no Entrudo do ano seguinte, ser objecto de chacota pública.

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