terça-feira, 9 de abril de 2013

Historia de Dornelas do Zêzere

Historia de Dornelas do Zêzere 


Desconhece-se quando e como surgiu Dornelas. Esta povoação deve ser coetânea ou anterior à formação de Portugal como reino independente, aparecendo o seu nome, pela primeira vez, num documento do Papa Alexandre IV datado de 28-11-1256.
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    Dornelas também vem mencionada no "Catálogo de todas as igrejas, comendas e mosteiros que havia nos Reinos de Portugal e dos Algarves pelos anos de 1320-1321, com a dotação de cada uma delas", também conhecido por "Taxação das Igrejas". Lembremos alguns dados históricos, respeitantes à freguesia:         
      Uma referência a Dornelas é encontrada no seu primeiro livro de registos, onde, na data de 1559, ficou consignada a visita de António Tello, desembargador do rei D. João III de Portugal e visitador do Bispo da Guarda. Em 1567 encontram-se, pela primeira vez, referências a um lugar com habitantes, dos quais se fazem assentos de nascimento, denominado Casas Queimadas, hoje inexistente. Supõe-se que ficava na encosta do Monte do Carregal, entre Adurão e Portas do Souto. Em 1569 refere-se, também pela primeira vez, o lugar de Póvoa da Raposeira, como  fazendo parte da freguesia de Dornelas. Além desta, também, Barroca, Parada, Bodelhão, Alqueidão, Portas do Souto, Carregal, Adurão e Seladinhas a integravam.
            No início do séc. XVII Dornelas pertencia ao concelho de Covilhã e comarca da Guarda. O Tombo Filipino (1615), informa o seguinte: "Lugar de Dornelas e Barroqua: o lugar de Dornelas e Barroqua tem uma freguesia da Invocação de nossa Senhora da Conceição que tera setenta vizinhos pouco mais ou menos. E nele serve um juiz, um procurador, hum escrivão mas não tem o concelho. Em o lemite delle outra cousa alguma mais que hum curral. E as coisas em que sua majestade tem a Terça."
            Vicente Ribeiro de Meireles, no seu "Promptuário das terras de Portugal" inscreveu Dornelas entre as que, em 1689, pertenciam à Covilhã. Note-se ainda que em várias ocasiões, ao longo do século XVII, aparecem menções de algumas Quintas habitadas, na área da freguesia de Dornelas: Adonares, Batecovas, Bar- roca, Regaceira, Ribeiro e Vale do Carregal. Advirta-se que a Barroca, a qual tem por orago S. Sebastião, se autonomizou de Dornelas no ano de 1685, tendo-se então tornado paróquia com a anexa de S. Martinho, que até aí pertencera a Silvares.
            O padre António Carvalho da Costa, na sua "Geografia Portuguesa", atribui, em 1708, 150 fogos a Dornelas. Em 1746-47 foi criado o concelho do Fundão e nele se integraram, entre outras paróquias e aldeias,  Silvares (253 fogos), Dornelas, com 141, Barroca, com 45 e o Bodelhão, com 34; em 1757 tinha a freguesia de Dornelas 161 fogos, com 609 pessoas; a sede de freguesia tinha 40 fogos e 132 indivíduos. Nos finais do século XVIII o principal acontecimento que ocorreu com a paróquia de Dornelas prendeu-se com a desanexação do Bodelhão (actual Aldeia de S. Francisco de Assis) à qual, o então prior da localidade, José Dias de Carvalho, se procurou opor, sem sucesso.
            Continua a referência a alguns dados de cariz demográfico: em 1798, aquando do censo de Pina Manique, a freguesia de Nossa Senhora das Neves de Dornelas tinha 141 fogos. Em 1828 Dornelas encontrava-se mencionada entre as três freguesias da Pampilhosa: Cabril, Dornelas e Pessegueiro, com respectivamente 128, 190 e 112 fogos.
SÉC IXX
     Até 1852 Dornelas situava-se no concelho do Fundão, comarca da Guarda e província da Beira. Nesta data integrou o extinto concelho de Fajão e, a partir de 1855, passou para o de Pampilhosa da Serra, comarca de Arganil e distrito de Coimbra. Em 1854 o número de fogos havia baixado para 150, o que não admira, pois entretanto o Bodelhão e a Parada haviam deixado de fazer parte dela.
     Na década de 1870 foi construído o cemitério da aldeia, no local onde ainda hoje se encontra. O arrematante da obra foi Luís António, do Carregal junto com Theodoro Prado), custando ela oitenta mil réis (note-se que, em 1949, o cemitério sofreria obras de remodelação e ampliação).
     Dornelas voltou a integrar a diocese de Coimbra em 4-IX-1882, por ocasião da reorganização eclesiástica do País que suprimiu cinco dioceses. Terá sido nessa década (em 1883 ?) que começou a funcionar o ensino primário em Dornelas, ministrado por Antônio Lopes Ventura, o chefe da família Ventura que, até meados do século XX, seria considerada uma das famílias de mais prestígio da aldeia. Mas a que, nessa época, era a mais importante era, sem dúvida, a família Meirelles do Carregal, relativamente à qual é possível encontrar referências locais, pelo menos desde inícios do século XVIII; foi desta família que provieram os três viscondes de Tinalhas, José Coutinho Barriga da Silveira Castro e Câmara (n. 1802), Thomaz de Aquino Barriga da Silveira Castro da Câmara (1848-1916) e José de Meirelles Coutinho Barriga da Silveira Castro e Câmara (1880/1972).
            A casa onde esta família morou, situada mesmo no centro do lugar do Carregal, ainda hoje em dia existe, mas em acentuado estado de degradação, dado que, desde há sete dezenas de anos, ninguém lá mora; mesmo assim, conserva nítidos sinais da grandeza que em tempos teve, como por exemplo, uma capela aberta ao exterior onde um capelão privativo celebrava missa (o último foi o padre Gregório Júlio Carvalhão, falecido em Outubro de 1920). Após o seu desaparecimento foi substituído nessa função pelo pároco de Dornelas, José Nogueira de Almeida, que a exerceu até à morte da D. Henriqueta Meireles (início da década de 1930), data em que a casa da família Meirelles fechou. 
            A primeira escola de Dornelas funcionou num edifício velho e com poucas condições; por essa razão foi pedido à Junta que construísse uma casa própria para aulas e para habitação do professor. Foi aberto concurso para construção do dito edifício tendo sido arrematante José lsidoro, de Dornelas, por 1.790 réis, que se comprometeu a entregar a obra até Maio de 1884. Em 1886 Dornelas envolveu-se numa questão sobre as fronteiras da sua freguesia com a vizinha Barroca, que foi rapidamente resolvida. Anos mais tarde (em 2-11-1895), por iniciativa do Ministro João Franco, a povoação do Alqueidão seria anexada à freguesia da Barroca e concelho do Fundão; mas religiosamente continuou integrada na paróquia de Dornelas.

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